E a Menina Crescia

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Muita das vezes me pego pensando em como seria o cheiro, o sorriso, os abraços de minha amada e falecida mãe. Tive o desprazer de ter sido tirada a força do seio dela e levada para o templo de akshay. Cresci sendo a filha de um deus com poucas regalias, sendo odiada pelos meus irmãos, meu pai e seu povo. Assim que cheguei ao templo meu "adorado" pai pos um selo em minhas costas ainda pequena, eu chorei tanto por causa da dor que senti ao ponto de perder a consciência. Minha infância foi um pouco conturbada, muitos me olhavam e sorriam, mas por trás me mal dizia. Meu pai não o via direito, dos meus irmãos, eu era a mais nova e não convivia com eles.

Akshay nunca fez questão de saber como eu estava sendo tratada, se nos encontrava no corredor fingia não me ver. Eu esperava que algum dia ele pudesse me tratar como filha e me desse um abraço que nunca recebi.

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Passava a maioria do meu tempo largada nos cantos do templo até que um dia encontrei o jardim e fiz dali meu lugar. Uma vez estava deitada na grama do jardim enquanto olhava as nuvens no céu e adormeci. Tive um sonho tão bom;nele eu estava no colo de uma mulher negra,para alguns a aparência dela traria medo mas para mim era como se eu conhecia ela.

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Ela me pegou no colo e me fez carinho e por um breve momento me senti amada e acolhida nos braços daquela mulher em meu sonho se não fosse pela empregada a me sacudir me despertando para me levar aos meus aposentos.

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Quando cheguei na minha fase jovial, vi uma vez meu pai de longe me olhando, quando nossos olhares se encontraram ele cerrou os punhos e virou as costas para mim e saiu do local. ouvi uma vez uma das empregadas do templo dizer que meu pai me odiava por que eu era idêntica a minha mãe: cabelos brancos como a neve e longos, a pele clara, lábios rosados, olhos que alternavam entre o âmbar e o azul celeste carregado de uma combinação perfeita do gene deles que se destacavam ao ponto dos meus irmãos sentirem inveja de tal beleza.
Foi a pior fase da minha vida, fui vendo meus irmãos deslumbrantes podendo aproveitar de sua liberdade e com aquelas asas… O selo que Akshay colocou em mim, me impedia de ter liberdade e minhas asas. Eu não sabia como era o mundo por trás das muralhas que cercavam o templo. A minha infância, adolescência e juventude foram todas atrás daqueles muros altos e grandes o único lugar que me fazia sentir paz e a liberdade era no jardim daquele templo.

Passado se os anos, os olhares dos que habitavam no templo só pioraram. Quando eu era apenas uma criança eles sentiam pena de mim, mas agora, seus olhares ficaram severos, muitos cochichavam no canto quando me viam passando pelo corredor do templo. Um tempo depois, notei que meu pai vivia me olhando de longe. Será que achei graça em seus olhos? Seria possível! depois de tanto tempo ele me notar? Eu entendia o rancor dos outros por mim sendo filha de uma devis, uma beleza estrondosamente diferente e estonteante, quem não sentiria inveja? Não entendia o por que do meu pai ser assim comigo. Um certo dia estava em um dos jardins; o clima estava agradável sem nenhuma nuvem no céu, o vento soprava, os pássaros cantavam, o caminho para o jardim era feito com arvores de cerejeiras lindas.

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-Perdidas em meus pensamentos ao olhar para aquele lindo céu azul, fecho meus olhos ao sentir a brisa do vento soprar em meu rosto, em seguida fui interrompida por um dos guardas de meu pai dizendo que ele queria me ver, congelei na hora pois não sabia como reagir aquele pedido.-

Não acreditava que estava acontecendo, realmente achei graças nos olhos de meu pai e sem pensar muito fui ao seu encontro sendo guiada por aquele guarda.

Minhas mãos começaram a soar, pela primeira vez iria me encontrar com meu pai. Estava parada na frente de uma porta enorme e dourada; quando o guarda anunciou minha chegada; a porta foi aberta, respirei fundo e entrei. Me curvei por respeito e endireitei minha postura enquanto me mantinha parada no mesmo lugar. De costas, Akshay olhava pela grande janela de seu quarto que dava para o jardim. Quando subitamente se virou em minha direção e por alguns segundos apenas me observou, seus lábios se abriram em um lindo sorriso e seus olhos encontraram os meus, me deixando um pouco sem graça e atônita por não saber como reagir, mas ao mesmo tempo afoita por aquele comportamento tão repentino e incomum.